Por que algumas agências de modelos dão preferência para pessoas altas?
No competitivo universo da moda, onde imagem e presença são fundamentais, as agências de modelos continuam priorizando pessoas altas durante o processo de seleção de novos talentos. Embora o setor tenha dado passos importantes rumo à diversidade, a estatura elevada ainda é um diferencial competitivo em diversas áreas da indústria fashion.
O padrão estético associado à altura é uma construção histórica, cultural e funcional. Ele se reflete não apenas nos desfiles de passarela, mas também em campanhas publicitárias, editoriais de moda e, principalmente, nas exigências feitas pelas grifes internacionais às agências de modelos.
Mas por que, mesmo diante de tantos debates sobre inclusão, a altura continua sendo um critério tão valorizado? Para responder a essa pergunta, é necessário analisar o papel das agências de modelos no mercado, as demandas das marcas e os aspectos técnicos que influenciam o trabalho de modelos profissionais.
O padrão de altura e sua origem nas passarelas internacionais
Desde a consolidação da indústria da moda moderna, na década de 1950, a altura tornou-se um dos principais critérios utilizados pelas agências de modelos. A origem dessa preferência está diretamente ligada à forma como os estilistas estruturam e apresentam suas coleções.
Nas passarelas, roupas precisam ter caimento impecável e serem visualmente impactantes de longe. A altura oferece maior amplitude visual, prolonga a silhueta e facilita a movimentação com elegância. Esses fatores foram determinantes para que as agências de modelos passassem a priorizar candidatos com altura acima da média populacional.
Para mulheres, a altura ideal costuma estar entre 1,75m e 1,80m. Para homens, o intervalo mais comum varia entre 1,83m e 1,90m. Esses parâmetros, muitas vezes inflexíveis, são exigidos por grandes marcas, o que influencia diretamente as políticas de seleção das agências de modelos.
Por que a altura importa para as agências de modelos?
As agências de modelos têm como missão representar profissionais aptos a atender às necessidades de seus clientes – estilistas, marcas, produtoras de moda e agências de publicidade. Quando uma marca de luxo ou uma grife internacional solicita um casting, ela geralmente impõe critérios rígidos, sendo a altura um dos mais comuns.
Entre os principais motivos para essa exigência, destacam-se:
1. Proporção corporal e caimento das roupas
Roupas de passarela são, na maioria das vezes, projetadas para corpos esguios e altos. Isso facilita a modelagem e o caimento das peças. Modelos mais altos apresentam pernas mais longas, o que garante um visual mais impactante, especialmente em peças como vestidos longos, casacos e alfaiataria.
2. Padronização para desfiles
Durante os desfiles de moda, é essencial que todos os modelos tenham proporções semelhantes para garantir uma apresentação coesa e harmônica. Isso permite que os designers foquem exclusivamente nas roupas, sem que diferenças de estatura atrapalhem a estética geral da coleção.
3. Impressão visual
Modelos altos se destacam com mais facilidade tanto nas passarelas quanto nas fotos. A estatura elevada cria uma presença cênica forte, algo essencial em campanhas publicitárias e editoriais de moda que precisam captar a atenção de forma imediata.
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Como as agências de modelos aplicam esse critério
Na fase de triagem, muitas agências de modelos utilizam fichas técnicas para avaliar se um candidato atende ao perfil desejado pelos clientes. A altura costuma ser um dos primeiros filtros. Se o candidato ou candidata não atingir o mínimo exigido para determinados trabalhos – especialmente desfiles e campanhas de alta moda –, é comum que não avance no processo de seleção.
No entanto, é importante destacar que nem todos os trabalhos exigem estatura elevada. O mercado publicitário, por exemplo, é mais flexível. Ainda assim, para segmentos de luxo, a preferência por altura se mantém dominante.
As agências de modelos também orientam seus talentos sobre quais nichos podem atuar de acordo com seus atributos físicos. Quem não atende ao padrão tradicional de altura pode encontrar oportunidades em áreas como e-commerce, comerciais de TV, redes sociais e catálogos de marcas populares.
As mudanças no mercado e o avanço da diversidade
Apesar da tradição, as agências de modelos vêm se adaptando às transformações do mercado. O crescimento das redes sociais, a popularização de campanhas inclusivas e a pressão por representatividade estão moldando um novo cenário, no qual a altura não é mais uma barreira absoluta.
Várias agências vêm criando divisões específicas para modelos “fora do padrão”, incluindo pessoas de baixa estatura, modelos plus size, modelos trans e modelos com características distintas. Essa evolução é um reflexo da nova demanda do consumidor, que busca se ver representado nas campanhas que consome.
Além disso, plataformas como Instagram e TikTok permitem que aspirantes à carreira de modelo construam visibilidade e relevância sem necessariamente passar pelo crivo tradicional das agências de modelos. Muitos talentos são descobertos diretamente nas redes, e algumas agências já enxergam isso como um novo canal de recrutamento.
A influência da cultura pop e da mídia
Filmes, séries e reality shows sobre o mundo da moda, como “America’s Next Top Model” e “Next in Fashion”, ajudam a consolidar o imaginário de que modelos devem ser altos e magros. Essa representação impacta tanto os profissionais da área quanto o público geral.
As agências de modelos, por sua vez, também são influenciadas por essas imagens, reforçando os padrões vigentes. Porém, a mesma cultura pop também vem abrindo espaço para discursos mais inclusivos, o que tem incentivado mudanças nas estratégias de recrutamento e representação nas agências.
Modelos de baixa estatura: é possível seguir carreira?
Apesar dos obstáculos, é possível construir uma carreira sólida como modelo mesmo estando abaixo do padrão de altura exigido. Diversas agências de modelos especializadas atuam em segmentos comerciais, onde o foco está na empatia, expressão e fotogenia, mais do que na altura.
Além disso, o mercado de influenciadores digitais tem se tornado uma via alternativa para muitos talentos. Marcas estão mais interessadas em audiência, autenticidade e engajamento – características que vão além das medidas corporais tradicionais.
Modelos como Kate Moss, que mede apenas 1,70m, são exemplos de sucesso que desafiaram os padrões impostos pelas agências de modelos tradicionais. Atualmente, novas gerações de modelos buscam inspiração em figuras autênticas e diversas, o que também contribui para uma mudança de mentalidade no setor.
A função das agências de modelos na mediação entre talentos e marcas
Mesmo diante das mudanças, as agências de modelos continuam sendo peças-chave no ecossistema da moda. Elas atuam como mediadoras entre o modelo e o cliente, oferecendo suporte, treinamento, visibilidade e oportunidades.
Ao compreender as demandas do mercado, as agências conseguem direcionar seus talentos para os nichos mais adequados ao seu perfil. Isso significa que, mesmo sem atender ao critério de altura tradicional, é possível fazer parte de uma agência – desde que se tenha outros diferenciais, como carisma, atitude, postura e fotogenia.
A altura, embora ainda seja valorizada em alguns setores, está longe de ser o único fator considerado por uma agência de modelos moderna. Adaptabilidade, profissionalismo e presença digital também são aspectos levados em conta no momento da contratação.
O equilíbrio entre tradição e transformação
As agências de modelos mantêm a preferência por pessoas altas por razões técnicas, históricas e comerciais. No entanto, essa realidade está em transformação. A busca por representatividade, aliada ao impacto das redes sociais e à mudança de comportamento do consumidor, vem abrindo espaço para um cenário mais inclusivo.
Quem deseja seguir carreira como modelo deve conhecer o seu perfil e entender qual segmento do mercado melhor se encaixa em suas características. A boa notícia é que há espaço para diferentes tipos de beleza – e as agências de modelos mais antenadas estão cada vez mais preparadas para representar essa diversidade.